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Dec 03, 2023

A evolução dos trajes de banho competitivos

Este artigo foi publicado originalmente na edição da primavera de 2023 da revista SwimSwam. Inscreva-se aqui.

Para vencer uma prova de natação, você pode contar com sua força, seu talento, um pouco de sorte e nada mais. Na piscina é só você e a água. Porém, uma coisa que pode influenciar no seu desempenho é o que você veste: o boné, os óculos e, claro, o maiô. A escolha do traje de banho influencia a corrida mais mentalmente do que fisicamente, mas isso não acontecia nos primeiros anos da natação.

Há cem anos, as coisas eram diferentes. Tentar nadar apenas 50 metros com um maiô de lã pareceria uma loucura hoje. É o tipo de coisa que as crianças fazem no “dia do jogo” para se divertir, não para competir. A evolução dos trajes de banho e acessórios foi influenciada ao longo do tempo não apenas pelas novas tecnologias e teorias sobre hidrodinâmica, mas também foi informada pelas modas e gostos estéticos de cada década.

Entre escândalos, tendências e mudanças nas regulamentações, os nadadores e seus trajes de banho tornaram-se ícones. No início do século 20, os atletas que competiam por uma medalha usavam um macacão de lã quase idêntico para homens e mulheres. Esses trajes cobriam o nadador dos quadris aos ombros. O modelo feito de lã logo foi substituído por ternos feitos de materiais mais leves.

Em 1912 surgiram os primeiros maiôs de seda. Este material oferecia menos resistência na água, mas tinha o infeliz defeito de se tornar imediatamente transparente. Por esse motivo, usava-se roupa íntima por baixo do traje.

Em 1924 foi introduzido um terno feminino que previa uma saia, semelhante às usadas pelas tenistas, para esconder parcialmente a região do quadril. A porção de pele nua mostrada pelos atletas tem sido tema de discussão em diversas ocasiões, mas isso se tornou um problema apenas no campo feminino. Se é verdade que na década de 1920 o sueco Arne Borg era considerado um exemplo de classe e elegância em seu traje de seda transparente com a bandeira amarelo-azulada bordada no peito, do lado feminino as coisas eram diferentes.

Nos Jogos Olímpicos de 1932, em Los Angeles, a nado peito australiana Clare Dennis quase foi desclassificada por causa de seu maiô. Após conquistar a final dos 200 metros peito com o melhor tempo, foi feito um protesto contra Dennis por alguns juízes internacionais que consideraram seu traje inadequado por expor muito sua omoplata. A delegação australiana apelou bem a tempo de readmitir Clare à final, e ela conquistou a medalha de ouro com um novo recorde olímpico.

Apenas quatro anos depois dos ombros escandalosos de Clare, o mundo da natação decidiu adotar uma abordagem diferente: menos é melhor. Foi utilizado o mínimo de material possível para cobrir o corpo dos atletas. Em 1936 vemos os primeiros homens sem camisa nas piscinas, enquanto as mulheres usavam modelos parecidos com os que usamos hoje nos treinos com alças finas e tecido justo no corpo.

Grandes avanços na tecnologia de trajes de banho ocorreram no final da década de 1950, quando a indústria começou a usar náilon em trajes de banho para criar modelos mais suaves e justos. Nessa época também se descobriu que uma das melhores características do náilon é ser quase impermeável à água. Além desses aspectos técnicos, o estético passou a ter um papel importante. As primeiras gravuras surgiram neste período. Os trajes de banho foram marcados com linhas desenhadas, estrelas e cores diferentes do preto.

A maior novidade da natação na década de 1970 foi o uso massivo de toucas de natação, que se tornaram um acessório necessário. Um novo traje foi introduzido em 1976 – esta tecnologia marcou o início da era da compressão em trajes de banho. A roupa de compressão era usada bem justa e os nadadores diminuíam um ou dois tamanhos em relação ao ajuste normal. Esses trajes eram chamados de macacões de papel devido à textura do tecido, pois, quando secos, pareciam papel entre os dedos.

Nos anos 80, seguindo a moda fitness, os maiôs femininos eram mais decotados do que agora nas praias de verão, e a Lycra foi adicionada ao tecido de náilon. Lycra continuaria sendo o material utilizado até a revolução dos anos 2000.

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